Reconfiguração das missões da Universidade na Europa do conhecimento: a emergência da ‘Universidade do Futuro’

Acrónimo do projeto: 
ReUni4Future
Data início do projeto: 
03/01/2023
Data fim do projeto: 
02/28/2026
Investigadores principais: 
Investigadores externos: 
Carina Jordão; José Pedro Ribeiro da Silva
Instituição proponente: 
CIPES-Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior
Descrição do projeto: 
A sociedade e a economia do conhecimento tornaram-se populares, no final do século XX, enquanto ideia política na Europa, assumindo-se como instrumentos para a integração europeia. Embora estes conceitos possam constituir apenas um dispositivo retórico, têm sido usados como instrumentos políticos a que o ensino superior (ES) tem de dar resposta. Apesar do constante desafio quanto à sua definição e finalidade, a necessidade de potenciar a interação entre ES e sociedade e produzir conhecimento com e para a sociedade levou a uma mudança nas crenças sobre a função social da universidade. De salvaguarda da cultura nacional e instrumento de mobilidade social, esta passou a ter como móbil contribuir para a economia do conhecimento nacional, regional e global. A universidade tornou-se um importante ator social, capaz de fortalecer a sociedade e contribuir para o desenvolvimento socioeconómico através da mobilização dos profissionais para questões socialmente relevantes [1; 2; 3]. O ES e as comunidades epistémicas na política científica criaram uma série de chavões para descrever esta transformação na investigação (p. ex. modo 2, triple hélix) e no ensino (p. ex. educação contínua, e-learning). Apesar dos modelos conceptuais emergentes – universidade empreendedora, universidade do futuro – é necessário refletir sobre as mudanças na complexa relação da universidade com a sociedade e no seu papel na transformação social [4]. Para se adaptarem a esta mudança, as universidades aplicaram diferentes modelos organizacionais baseados em processos de convergência, isomorfismo e homogeneização. As ‘Universidades Europeias’ são a mais recente ferramenta política desta estratégia, que visa fortalecer a relação entre ensino, investigação, inovação e transferência de conhecimento, promovendo a ligação da educação com a sociedade e a economia. Como está a ser implementada a ideia da “universidade europeia”? Quais as principais transformações que promove na (re)configuração das missões da universidade? Que modelos organizacionais foram instituídos para a implementar? Numa perspetiva de agência, as “universidades europeias” podem ser vistas como uma (re)configuração interna do(s) objetivo(s) da universidade e do(s) modelo(s) organizacional(is). O principal objetivo deste projeto é compreender como é que a estratégia política de implementação de uma sociedade baseada no conhecimento na Europa está a levar à reconfiguração das universidades ao nível da governação e gestão, estruturas e papel dos profissionais. Como estão as universidades a reconfigurar as suas missões na sociedade como o ensino e investigação? Que modelos e estruturas de governação e gestão foram desenvolvidos para garantir que a relação com a sociedade está integrada em todas as missões da universidade? Como estão a mudar os papéis e práticas dos profissionais do ES no âmbito da reconfiguração das missões da universidade? Existem diferenças de género nos seus papéis e práticas? Como estão as universidades a gerir a qualidade da sua relação com a sociedade? Propõe-se um modelo analítico multidisciplinar e multidimensional a partir de diferentes áreas – ciência política, sociologia, ciências da educação, estudos de género, gestão; em múltiplas dimensões – política, estratégica e prática; e níveis – europeu, institucional e individual. Para uma compreensão mais profunda de como essas múltiplas dimensões se cruzam com as práticas institucionais e quais as suas possíveis consequências (para o ES e a sociedade), recorre-se a métodos qualitativos (análise de documentos, entrevistas, grupos focais, world café) e quantitativos (inquéritos). O modelo analítico será aplicado empiricamente a 10 universidades portuguesas que fazem parte de consórcios de Universidades Europeias, consideradas como casos paradigmáticos [5] ou extremos [6], em que as pressões para que se tornem parceiros socialmente relevantes para enfrentar grandes desafios sociais é ainda mais evidente. Estes casos permitem uma melhor compreensão da relação das universidades com a sociedade, das tensões que surgem entre as diferentes missões e profissionais, e do possível modelo da 'universidade do futuro', comprometida com a sociedade e capaz de responder aos grandes desafios sociais. O projeto é relevante porque: 1) aborda um tema importante - a forma como as ideias políticas europeias promovem mudanças transformacionais nas crenças sobre o papel e a missão social da universidade; 2) propõe uma abordagem inovadora para melhorar o conhecimento sobre como as instituições e os profissionais estão a responder às grandes pressões intrínsecas e extrínsecas e tensões decorrentes; 3) usa estudos de caso baseados em consórcios de ‘Universidades Europeias’, que é em si uma nova perspetiva; 4) contribui para melhores políticas institucionais nesta área, reforçando o potencial do ES para a mudança social e o desenvolvimento socioeconómico.
Keywords do projeto: 
European University Alliances; University Governance; Knowledge Society; Third Mission; Higher Education Professionals; Gender; Higher Education Quality Assurance
Montante de financiamento: 
€ 235.055,99
Entidade financiadora: 
FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia

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